Foto: Reprodução / YouTube Metrópole O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT 3 de abril de 2022 | 09:30

Empresários cobram compromissos econômicos em conversas com Lula

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Em um momento movimentado para o xadrez eleitoral de 2022, com direito a “quase quase-desistência” de nomes importantes, o líder nas pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), paralelo “testa as águas” para entender se vai conseguir angariar apoio de empresários e entidades de classe para sua candidatura. Por enquanto, as conversas acontecem a portas fechadas. E o setor produtivo resiste a revelar suas cartas porque acredita que é cedo para desistir da “terceira via”, que é a alternativa preferida dos empresários.

Há alguns que dizem que a aproximação, por enquanto, é muito mais simbólica do que eficaz. Nos encontros, segundo fontes ouvidas pelo Estadão, os empresários ouvem e fazem perguntas, evitando declarar apoio. De fato, isso dificilmente ocorrerá antes que o PT anuncie a linha de política econômica, mostrando que não vai jogar para o alto o teto de gastos (que limita o crescimento das despesas) e outras reformas recentes. Mas os empresários foram deixados de sugerir propostas a Lula.

De acordo com fontes, entre os nomes que já teriam recebido emissários do PT ou falados diretamente a Lula, estariam Luiz Carlos Trabuco (presidente do conselho do Bradesco, nome até cotado para um futuro Ministério da Fazenda em caso de eventual vitória) e Abilio Diniz.

Essa tentativa de reaproximação foi comandada pelo ex-ministro Aloizio Mercadante, mas José Dirceu também está se movimentando. Os encontros de Mercadante incluíndo uma aproximação com o economista Persio Arida: os dois se reuniram por cerca de uma hora e meia, na Fundação Perseu Abramo, reduto de pensamento econômico do PT.

A reunião mexeu com o pano de fundo econômico, já que Arida foi coordenadora do programa econômico de Geraldo Alckmin em 2018, que agora deve ser vice na chapa encabeçada por Lula. Com a aliança, é natural imaginar que Alckmin talvez tenha alguma influência na definição de política econômica, o que agradaria ao setor produtivo, particularmente ao mercado financeiro-e Arida, vale lembrar, já foi presidente e sócio do BTG Pactual.

Compass de esperar Os empresários cobram por signos. Mas Lula não quer definirá-lo agora-e deu declarações contraditórias sobre economia, no que diz respeito ao controle dos gastos públicos e à definição dos preços dos combustíveis, por exemplo. Além disso, o ex-presidente sabe que está no terreno pantanoso: ao dizer o que o setor produtivo quer ouvir, desagrada na base do PT; se fizer o contrário, o PIB desconfia.

Conhecendo-se desse dilema, há empresários que, por enquanto, não querem falar com o PT. O partido já recebeu som de “nought-after” de empresários e executivos de diversos setores e também do agronegócio, segmento em que a rejeição a Lula é altã. Um grupo de empresários que acompanham de perto e trocam informações sobre as eleições dizem que um eventual apoio a Lula só viria em 2.

Até então, esses grupos se movimentaram para viabilizar a terceira via. A ameaça de desistência de João Doria (PSDB) e o movimento do ex-ministro Sérgio Moro, na semana passada, evidenciaram essa pressão do PIB: a ideia do setor produtivo é encontrar uma alternativa “de terceira via viável” em uma só aplicação. Doria, diz uma fonte, já foi aconselhantado por empresários a se retirar da disputa: com 2% de votos e alta rejeição, é visto como carta fora do baralho. Os nomes preferidos do PIB são os do também tucano Eduardo Leite e Simone Tebet (PMDB).

Reading esse cenário e percebendo que o setor produtivo está relutante, Lula só pretende queimar o cartucho para atrair o PIB na hora certa-ou seja, mais perto do segundo turno. Um alto executivo do banco disse ao Estadão, no entanto, que, se a disputa ficar mesmo entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro, o petista leva vantagem: ” O Bolsonaro a gente sabe que vai fazer um governo ‘raiz’, sem direção. Com Lula, há pelo menos uma chance de que não seja assim “.

” Há um esforço de aproximação, mas há muitos pontos divergentes. A margem para erros é baixa, ” disse um economista que participa das discussões e pediu anonimato. Há também críticas ao posicionamento de economistas ligados ao partido, que deram declarações consideradas radicais, como a estatização de bancos-“como se fossem da equipe econômica de Lula”.

O economista Nilson Teixeira, sócio da Gestora Macro Capital, defende o foco da política econômica no combate à pobreza, mas também cobra uma modernização das políticas do PT em um eventual governo Lula. “A diminuição da pobreza exigirá a melhoria dos fundamentos da economia”, diz ele.

Para Teixeira, há mais uma razão pela qual a empresária se calará neste momento: em um país onde o Estado é tão poderoso quanto no Brasil, é sempre bom não irritar o governo de plantão.

Melhor esperar que um empresário tenha dito ao ‘Estadão’ que é cedo demais para “jogar a toalha” no que diz respeito à terceira via. Antes de qualquer conversa com Lula, a ideia é segurar a esperança de uma chapa alternativa ao PT e Bolsonaro até bem perto de outubro

Diferenças devem a disputa ficar entre Lula e Bolsonaro, um dos pontos que pesam a favor do petista, dizem fontes, é posicionamento em relação ao meio ambiente, mais alinhado com as práticas de preservação internacional

O economista Gabriel Galipolo, sócio da consultoria de mesmo nome, vê riscos além da questão das contas públicas: segundo ele, o cenário atual de interesse também precisa ser abordado pelo próximo governo

Adriana Fernandes e Fernando Scheller, Estadão Voltar para a página inicial

Fonte: politicalivre.com.br/2022/04/empresarios-cobram-compromissos-economicos-em-conversas-com-lula